A importância do Educador Sanitário e um debate sobre ações sanitárias emergentes no Brasil
Imprensa Publicado em 02/08/2024No dia 11 de junho foi comemorado o Dia do Educador Sanitário, e em um cenário composto por dados alarmantes a cerca d...
Em ampla entrevista o engenheiro Francisco Carlos Oliver fala das enchentes no Rio Grande do Sul, aponta as causas e sugere solução.
Portal AZ: O que causou as enchentes no Rio Grande do Sul? Há algo que poderia ter sido feito para evitar que as enchentes causassem tamanho estrago, como a implementação de um sistema de escoamento mais eficaz?
Francisco Carlos: Acredito que não existiu uma causa única, de toda maneira a causa mais relevante entre as possíveis foi o grande acúmulo de precipitação localizada no sul do Brasil num curto espaço de tempo, não sendo possível de haver um escoamento adequado somente pela gravidade pois existem nas regiões afetadas diversos bolsões com níveis mais baixos que o nível do Guaíba após seu extravasamento para a área central da cidade assim como para outros pontos baixos da região. O que poderia ter sido construído em alguns pontos poderia ser como foi feito na cidade de São Paulo onde foram construídos diversos “piscinões” localizados estrategicamente onde historicamente havia enchentes recorrentes.
Portal AZ: Quais são as medidas mais urgentes que podem ser implementadas para reduzir o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul?
Francisco Carlos: Talvez uma das medidas seja realizar um estudo agora com as informações reais após a catástrofe de forma a “enxergar” os pontos baixos que mais foram afetados e projetar alguns “piscinões” para futuras enchentes e também prevendo bombas de grande capacidade de vazão para transposição dessas águas armazenadas. Também um planejamento urbano para tornar a calota urbana mais permeável às precipitações pluviométricas.
Portal AZ Há a possibilidade de realizar um planejamento urbano para incluir soluções de drenagem/escoamento com maior resistência às mudanças climáticas do Rio Grande do Sul?
Francisco Carlos – Sim, agora com mais conhecimento dos problemas já causados por essa tragédia, podemos planejar algumas ações como as já descritas acima.
Portal AZ – Quais inovações tecnológicas você recomendaria para fortalecer a infraestrutura de drenagem no RS?
Francisco Carlos – Creio que não há milagre, o que podemos fazer é pensar como poderemos abrir novas frentes de escoamento, como já citado anteriormente com piscinões, realizar um planejamento urbano de implantação de novas áreas de assentamento menos vulneráveis com cotas mais elevadas.
Portal AZ – Pela grande quantidade de água proveniente das enchentes dá a impressão que demorará muito para conseguir se livrar 100% dela. Como se dá esse processo de drenagem da água? E quanto tempo duraria? As cidades tem infraestrutura e drenagem adequadas para isso? O que poderia ser mudado?
Francisco Carlos – Acredito que com as bombas de drenagem de grandes capacidades de vazão já em operação da SABESP, CORSAN, etc., não demorará tanto para drenar, porém se voltar a chover com muita intensidade como nos últimos dias, será mais difícil realizar esta drenagem.
Portal AZ – Pelos seus 30 anos de experiência, você acredita que as mudanças climáticas têm influência no aumento de ocorrências de enchentes? Como isso tem impactado o planejamento de sistemas de drenagem?
Francisco Carlos – Devemos pensar que estes fenômenos estarão cada vez mais presentes em nossa atualidade forçando-nos a pensar “fora da caixinha”, ou seja, pensar em soluções disruptivas, como por exemplo as citadas cidades “esponjas” onde os calçamentos são mais permeáveis ou pelo menos semipermeáveis tornando os centros urbanos mais permeáveis às chuvas, fazendo com que o solo tenha capacidade de drenagem mais natural como acontece com as áreas mais verdes, evitando assim o acúmulo de água nos centros urbanos onde toda a calota impermeável leva as águas aos córregos e rios extravasando nas áreas mais baixas em um tempo muito curto.
Portal AZ – A Fluid Feeder já esteve em diversos projetos com várias companhias de saneamento do Brasil. Como a empresa poderia atuar no Rio Grande do Sul? E há a possibilidade de instalação de sistemas para que tragédias assim não ocorram mais ou que não causem tanto impacto?
Francisco Carlos – Somos especialistas em desinfecção de água para fim potável, assim como para fins de reuso. Portanto já nos colocamos à disposição da CORSAN e DMAE Porto Alegre para quando for possível acessar as áreas afetadas onde podem estar as centrais de tratamento de água e esgoto de forma a oferecer mão de obra especializada na reconstrução dos sistemas de cloro afetados pelas enchentes.